A Ditadura Disfarçada - Por Paulo Messina*

24/10/2022 13:38

Por Paulo Messina*

A Ditadura Disfarçada

Este ano, houve uma grande campanha sendo feita para milhões de jovens de 16 e 17 anos tirarem seus títulos de eleitor, especialmente pelos políticos e celebridades da esquerda.

Estes jovens — e muitos outros até vinte e tantos anos — nunca assistiram a TV Manchete, alugaram uma fita VHS na Blockbuster, ou mandaram um torpedo usando as teclas numéricas de um celular tijolão.

Esses mesmos jovens não sabem quem foi Marcos Valério, Dirceu, Delúbio ou Genoíno. Ou não tinham nascido em 2005, ou eram muito crianças para entender o maior escândalo de corrupção do Brasil. A corrupção da própria Democracia e das Instituições.

A gravidade do "mensalão", como ficou conhecido, não era só pelos valores envolvidos. Na época, o governo do PT pagava R$ 30 mil por mês (correspondentes a R$ 80 mil corrigidos para hoje) a deputados do Centrão (de dez partidos!), para que votassem a favor das propostas do então Presidente Lula.

O Congresso, que deveria discutir as Leis e fiscalizar o Presidente, estava, na prática, em boa parte comprado. Para quê fechar o congresso como numa ditadura explícita, se o PT poderia simplesmente cooptá-lo?

Aí o leitor pode perguntar: Sim, mas e o Judiciário, o Ministério Público e a Imprensa?

Grande revolta se seguiu à fala de Bolsonaro sobre aumentar a composição do STF porque seria ditadura indicar a maioria de membros. Mas a juventude não sabe que até hoje 7 dos seus 11 ministros são indicados pelo PT, ou seja, 64% dos membros, e isso em tese não afronta sua independência.

Sobre o MP, a gritaria ficou por conta do PR ter indicado o Procurador Geral da República, Augusto Aras, em mais um suposto atentado contra a Democracia. Mas o que dizer, por exemplo, do esquema da Lava Jato que pagava mesada — segundo o próprio MP — ao seu Procurador Geral no Rio, para não investigar ou fazer operações contra o grupo político? Isso não é o real controle das instituições? Mas os jovens nunca ouviram falar de Cláudio Lopes.

Por fim, a imprensa. Compartilhando uma experiência pessoal: Fui oposição desde sempre na minha vida pública a essa máfia política que dominava o Rio e o próprio país. A juventude não tem ideia de como era impossível emplacar qualquer denúncia, por mais fundamento e evidências que tivesse.

Simplesmente não se conseguia espaço na grande mídia para quem tinha a missão de fiscalizar. Denunciar era muito difícil; não existia ainda WhatsApp, Telegram, Instagram, Facebook.

O jovem também não ouviu, ainda no governo do PT, o próprio Lula dizendo que tinha que ter Leis e decretos para controlar a mídia. Mas talvez consigam ouvir agora, pois ele já falou isso publicamente nove vezes desde que foi solto.

A esquerda luta pela democracia e o seu direito de falar — desde que você concorde com eles. Essa é a democracia que nos espera se o PT ganhar esta eleição. Ter o cuidado de lembrar a história é fundamental para não repeti-la.

 

*Matemático, Professor, ex-vereador por três mandatos e ex-secretário da Prefeitura do Rio