13 suplentes em exercício - 2ª bancada do Senado

16/08/2017 07:39
13 suplentes em exercício formam 2ª bancada do Senado
Wilder Morais: financiador de campanha que virou suplente e, logo, titular de uma cadeira no Senado
 
A discussão sobre a reforma política esquenta e vai mostrando as posições divergentes entre os partidos. O principal ponto de confronto é em relação ao distritão, que divide o Congresso. Quanto à forma de financiamento das campanhas, a opção pelo financiamento público parece mais aglutinadora. Ainda assim, o tema traz questionamentos (sobretudo fora do Congresso) sobre os efeitos desse modelo, onde os suplentes de senador – a maior parte sem expressão política – servem de forte motivo para o debate.
 
Hoje são 13 suplentes no exercício do mandato, uns pelo afastamento temporário do titular, outros pelo afastamento definitivo. E a discussão acontece precisamente porque boa parte desses suplentes em exercício são ilustres desconhecidos do distinto eleitor e da própria vida partidária, a não ser no setor de doações de campanhas.
 
Os 13 suplentes em exercício seriam, se constituíssem um partido, a segunda maior bancada do Senado, atrás apenas do PMDB. O Piauí tem um desses 13, a senador Regina Souza (PT). Mas ela não se enquadra na discussão principal: Regina tem uma vida partidária sólida e tornou-se suplente de Wellington Dias precisamente por isso. Quando Wellington renunciou para assumir o Karnak, ela ficou com a cadeira.
 
Mas há nomes como Zezé Perrela ou Wilder Morais que traduzem bem as preocupações desse debate.
 
Wilder Moraes é um empresário goiano que em 2010 fez uma doação de R$ 700 mil para uma campanha. No caso, a de Demósthenes Torres, eleito senador. Morais era o suplente. Quando Torres teve o mandato cassado pouco mais de um ano após a posse, o suplente-investidor herdou mais de seis anos de mandato.
 
O caso de Perrela é ainda mais ilustrativo. O agora senador mineiro sempre foi conhecido como dirigente esportivo, empresário e doador de campanhas. Tornou-se suplente de Itamar Franco, que morreu alguns meses após a posse. Perrela herdou mais de sete anos de mandato.
 
O trunfo principal da maior parte desses suplentes no exercício do cargo é a condição de financiador. Sim, há ainda muitos suplentes que são parentes: mulher, filho etc. Mas a condição de doador dá uma enorme vantagem na hora de definir os suplentes. E isso, por si só, já mostra como anda meio atravessada a relação entre dinheiro e política. E a relação entre a política e o distinto público.
 
Esse é um caso eloqüente em que cabe dizer: o eleitor atirou no que viu e acertou no que não viu. Um eleitor que passa a ter como seu representante um sujeito que nunca apareceu nos debates da campanha e sequer teve lugar de destaque no cartaz ou nos santinhos.
 
Essa situação dá margem a algumas propostas, como o fim dos suplentes ou a opção de ter o segundo mais votado como o eventual substituto do eleito. Talvez fosse mais fácil as candidaturas ao Senado colocarem nas suplências alguém com representatividade.
 
Se assim fosse, essa discussão simplesmente não existiria.
 
 
Coluna do Jornalista Fenelon Rocha
Fenelon Rocha