Correio da Manhã - a escória da CSN ameaça o Paraíba do Sul

21/11/2022 10:34

Coluna Magnavita: A 50 metros da margem, a escória da CSN ameaça o Paraíba do Sul

A 50 metros das margens do Rio Paraíba do Sul, que abastece 12 milhões de pessoas, ficam os rejeitos da produção de aço, oriundos dos altos-fornos da CSN, que são levados para o bairro Brasilândia, na saída de Volta Redonda, sentido Barra do Piraí. O depósito de escória da CSN é operado pela multinacional norte-americana Harsco Metals e já forma uma verdadeira montanha.

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O pior: este refugo industrial gigantesco é um perigo eminente ao Paraíba do Sul. Ele tem alvo de fiscalização do MPF-VR desde 2018, que estuda medidas para responsabilizar a CSN, a Harsco e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) pelo problema. Recomendou até a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e ação civil pública.

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A CSN afirma que o pó de escória não causa danos à saúde. No entanto, especialistas atestam que ele pode ser fonte de tosse, danos aos pulmões, eczemas, pneumoconiose, faringite, laringite, conjuntivite, e queimadura na mucosa da boca, esôfago e estômago, entre outras doenças. É só ver os índices destas efemeridades nos serviços médicos da região para ver o reflexo na população.

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Em 2019, a Justiça Federal aplicou multa de mais de R$ 10 milhões à CSN e a empresa Harsco por ato atentatório à dignidade da Justiça ao descumprirem decisão liminar, proferida em 2018, para redução de escória, que se acumula em um morro – e não para de crescer. O rio, um dos mais importantes do abastecimento hídrico do estado, fica, a cada dia, mais ameaçado por este acúmulo de escória, a 50 metros da sua margem. Lamentável é a existência de um perigoso silêncio sobre o assunto. Fica registrado o alerta, principalmente ao Procurador-Geral de Justiça do Estado, Dr Luciano Mattos, que é especialista nos assuntos ligados ao meio ambiente, e para o INEA, presidido por Philipe Campello, e outros defensores do setor ambiental.