Corrida presidencial: os extremos que espantam

02/11/2017 21:31
Política - Corrida presidencial: os extremos que espantam
Condenado, Lula pode nem ser candidato, mas seu discurso populista seduz os mais pobres (Ricardo Stuckert/Divulgação)
 
Pesquisas apontam Lula e Bolsonaro na liderança, mas intensifica-se a batalha para achar um nome mais ao centro do leque ideológico, como Huck e Meirelles
 
Por Ana Clara Costa, Robson Bonin - Site da Revista Veja
 
Faltando um ano para a eleição presidencial, dois nomes de extremos opostos ocupam a liderança nas pesquisas: o ex-presidente Lula, que de repente deu uma guinada à esquerda e aprofundou ainda mais seu discurso divisionista de “nós” e “eles”, e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), ex-­militar de ideias ultraconservadoras e discurso calibrado para o insulto. No mais recente levantamento do Ibope, Lula tem 35% dos votos, contra 13% de Bolsonaro. Entre um extremo e outro, há 52% do eleitorado, que não sabe em quem votar, diz que votará em branco ou se divide entre vários outros nomes. Esses eleitores, que se assustam com as opções mais radicais, são o motor da busca mais frenética da política atual: a tentativa de encontrar um nome situado mais ao centro do espectro ideológico, como ocorreu na França com Emmanuel Macron, cuja campanha, em apenas um ano, saiu do nada para o triunfo.
Bolsonaro é a alternativa do eleitorado que odeia quase tudo, principalmente a política (Rubio Mara/Futura Press/Folhapress)
 
Nos últimos dias, dois nomes que rondam as especulações para ocupar o espaço entre os extremos apareceram até unidos numa chapa só. O apresentador Luciano Huck, que trabalha na Rede Globo, surgiu como candidato a presidente, tendo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como candidato a vice-presidente. “Vice é até interessante”, brincou Meirelles, cuja intenção real é ocupar a cabeça de chapa, como adiantou a VEJA. “Sou presidenciável”, confirmou em entrevista cuja íntegra pode ser acessada no site de VEJA.
 
A batalha pelo “Macron brasileiro” ganhou fôlego na exata medida em que perdeu ritmo a candidatura de João Doria, prefeito de São Paulo. No meio político, tornou-se consenso que o prefeito queimou a largada e se desgastou dentro do PSDB, ao mesmo tempo em que se desfazia o equívoco segundo o qual o eleitorado quer um candidato jovem ou não político. Quem se beneficiou do esvaziamento de Doria, até agora, foi Geraldo Alckmin (PSDB) — que pode cometer muitos erros, mas cuja experiência política o imunizou contra o equívoco da precipitação.
 
(Com reportagem de Sofia Fernandes)
 
 
Fonte: Site da Revista VEJA