Desembarque de Temer antecipa o desembarque do PMDB do governo

23/08/2015 19:36

POLÍTICA

Por Ricardo Noblat

Para os dois, Dilma e Michel Temer, o ponto sem retorno foi ultrapassado na última quarta-feira.

Dilma não gostou nem um pouco de saber que Temer se reuniria na manhã daquele dia com 44 empresários ligados à Federação das Indústrias de São Paulo.

A reunião ocorreu no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente da República. Dilma achou que deveria ter sido convidada para o encontro.

O que ela fez? Sem que sua presença estivesse sendo aguardada, compareceu ao almoço de aniversário de Gilberto Kassab, ministro de Cidades. Aí foi Temer que não gostou.

Na condição de coordenador político do governo, era ele quem deveria estar no almoço de Kassab.  De resto, o que Temer pro

meteu aos empresários acabou recusado pelo Ministério da Fazenda.

De verdade, de verdade, Temer jamais foi coordenador político do governo como pareceu. Dilma o convidou para a função depois que ela foi recusada por Eliseu Padilha, ministro da Viação Civil.

Se Temer tivesse dito não, o governo sofreria um duro abalo. E a autoridade de Dilma ficaria ainda mais arranhada. Mas na prática, Dilma e os ministros do PT impediram Temer de exercer a função.

Os ministros, por boicote a quem pertence a outro partido – no caso de Temer, o PMDB. Dilma, por desconfiança. Ela desconfia de todo mundo. É uma encrenqueira.

Sem poder de liberar dinheiro para obras em redutos de parlamentares e de distribuir cargos, Temer foi um coordenador político de faz de conta.

Selou sua saída da função ao dizer há 10 dias que “alguém” precisava reunificar o país. “Alguém” quem, cara pálida? “Alguém” ele mesmo?

Dilma não o perdoou – por mais que ele tenha explicado o que quis dizer.

O isolamento da presidente aumentará porque o desembarque de Temer antecipa o futuro desembarque do PMDB do governo.

Dilma tinha dois fiadores – Temer e Joaquim Levy, ministro da Fazenda. Restou Levy. Até quando?

 

Fonte: Blog do Ricardo Noblat