Editorial do Jornal Diário do Povo do Piauí

07/10/2017 06:53
Editorial do Jornal Diário do Povo do Piauí - Lá vem de novo a insegurança
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Secretário de Segurança - Fábio Abreu e Secretário de Justiça - Daniel Oliveira - Ambos Secretários do Governo Wellington Dias
 
Mais uma rebelião ocorrida ontem na Penitenciária Regional Luiz Gonzaga Rebelo, em Esperantina, vem reforçar a fragilidade do sistema penitenciário no Piauí. A imagem divulgada na imprensa e pelas redes sociais mostra o momento em que os presos, após ferirem gravemente três companheiros de presídio, conseguiram chegar à parte superior do prédio. A cena é forte. Por pouco ou quase nada não foi registrada uma fuga de grandes proporções.
 
O episódio, segundo a Secretaria de Justiça, só foi controlado após a entrada da tropa de choque no presídio. O que ocorreu no início da noite. E assim, segue o sistema penitenciário no Estado. Uma rebelião, uma revolta, um motim. Superlotação de celas, crianças tendo acesso a penitenciárias, denúncia de trabalho infantil dentro de Colônia Agrícola, tensão entre a gestão e os agentes penitenciários e por aí vai. Um "filme" sem graça, que faz tempo ja caiu no desgosto popular e que precisa mudar urgentemente.
 
Em outra esfera bem ligada a essa primeira, o Estado registra quase toda semana estouro de caixas eletrônicos, colocando em risco a vida da população e lesando o patrimônio público. Assaltos nas ruas deixam o cidadão sem celular, sem carteira, sem bolsa, sem documentos e sem esperança. Já não é possível chegar em casa tranquilo após um dia de trabalho - o medo de encontrar na porta algum "amigo do alheio" gera tensão incomum.
 
Nos bairros, os pequenos comerciantes continuam atrás de grades, porque aquele que vem como cliente pode não o ser e levar embora o fruto do trabalho de longos anos. Em resumo: a insegurança está por todo lado e o único atingido é mesmo o cidadão de bem, que todos os dias trabalha, paga seus impostos e não consegue ter nem sequer a garantia de se deslocar tranquilamente no trajeto entre o trabalho e a própria casa.
 
O que vem acontecendo no Piauí não é surpresa, embora cause indignação. É na verdade o reflexo de uma série de condutas que mostra claramente o descaso com os principais gargalos existentes nessa área no Estado. Aqui se fala muito em Segurança, mas não se toma nenhuma medida mais eficaz que a possa garantir.
 
De toda essa realidade vem mais uma constatação, que também é por demais preocupante: uma população insegura, que vêm sendo lesada todos os dias nos seus direitos mais básicos, é antes de tudo um risco. Poderá chegar ao ponto de, não vendo uma ação mais efetiva para coibir essa realidade, que o próprio cidadão comece a tomar atitudes voltadas para garantir aquilo que é dever do Estado lhe dar.
 
Para que isso não ocorra de fato, os gestores públicos precisam sair da esfera do discurso, da oração e das contradições, começando a tomar atitudes efetivamente sérias para conter a desordem instalada na segurança do Piauí. Caso contrário, o cenário que se vive hoje tenderá a se agravar e tomar proporções incontroláveis.
 
O que se quer é um sistema prisional eficaz que não seja só depósito de pessoas, mas que desenvolva ações que realmente sirvam para ressocializar. O que se precisa é de efetividade no resguardo dos equipamentos e bens públicos. O que urge é que se tenha o direito de ir e vir sem temer não conseguir chegar. Na verdade, o que se faz necessário é uma gestão eficaz em uma área tão séria e complicada. Uma gestão que deixe de cometer equívocos e se posicione com a seriedade que o momento exige.
 
 
Fonte: Jornal Impresso, edição do final de semana, sábado e domingo, 7 e 8 de outubro de 2017