INPC Amplo é o menor registrado desde 1998

10/01/2018 10:38
IBGE: IPCA fecha 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta
 
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo é o menor registrado desde 1998
 
Jornal do Brasil
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA fechou 2017 em 2,95% -  abaixo do piso da meta fixada pelo governo, de 3%. O acumulado foi o menor desde 1998 (1,65%). O IPCA de dezembro foi de 0,44%, ficando 0,16 ponto percentual acima do resultado de novembro (0,28%). Essa foi a maior variação mensal de 2017. O grupo Alimentação e Bebidas, com queda de 1,87%, impactou na desaceleração do índice no acumulado do ano. Já Habitação, Saúde e Cuidados Pessoais e Transportes puxaram as altas. Os dados fora divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2016, o IPCA do mês atingiu 0,30%, e o acumulado ficou em 6,29%. 
 
Como o índice ficou abaixo do piso da meta, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, terá de redigir uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando os motivos e indicando as medidas para fazer a variação de preços convergir novamente para o centro da meta.
 
Desde que foi criado, em 1999, junto com o câmbio flutuante, as metas de inflação foram estouradas cinco vezes. Três no governo Fernando Henrique Cardoso e uma vez no governo Dilma Rousseff. Desta vez, o erro de calibragem foi para baixo.
IBGE: IPCA fecha 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta
Dezembro
 
Após recuar de 0,42% em outubro para 0,28% em novembro, o IPCA voltou a subir em dezembro e foi para 0,44%, sob influência, principalmente, da aceleração na taxa dos grupos Alimentação e Bebidas (de -0,38% em novembro para 0,54% em dezembro) e Transportes (de 0,52% para 1,23%).
Variação por grupo
No grupo dos alimentos, após sete meses consecutivos de variação negativa, a mudança de -0,38% em novembro para 0,54% em dezembro deveu-se à alimentação consumida em casa, que passou de -0,72% para 0,42%. Apesar de alguns produtos terem caído de preços, como o feijão-carioca (-6,73%) e o leite longa vida (-1,43%), outros, também importantes na mesa dos brasileiros, exerceram pressão contrária, como as carnes (1,67%), as frutas (1,33%), o frango inteiro (2,04%) e o pão francês (0,67%).
 
A alimentação consumida fora de casa também acelerou de novembro para dezembro, com os preços subindo, em média, 0,74%. 
 
Já os principais impactos individuais no índice do mês, ambos de 0,09 p.p., foram exercidos pelas passagens aéreas, com alta de 22,28%, e pela gasolina, cujo preço do litro ficou, em média, 2,26% mais caro. Juntos, com impacto de 0,18 p.p., estes dois itens representaram 41% do IPCA de dezembro.
 
Eles também foram os principais responsáveis para que o grupo Transportes (1,23%) apresentasse a maior alta no mês, considerando-se, ainda, o aumento de 4,37% do etanol, com impacto de 0,04 p.p. Na gasolina, observa-se que o aumento é reflexo dos reajustes concedidos durante o período de coleta do índice, que montam de 2,05%.
 
No grupo Vestuário (0,84%), os destaques ficaram com os itens roupa masculina (1,27%), roupa infantil (1,05%), roupa feminina (0,71%) e calçados (0,69%).
 
Considerando os demais grupos, destacam-se, no lado das altas: plano de saúde (1,06%), empregado doméstico (0,52%) e eletrodomésticos (0,36%).
 
Por outro lado, o principal impacto para baixo foi exercido pela energia elétrica (-0,12 p.p.), do grupo Habitação (-0,40%), já que as contas ficaram 3,09% mais baratas. Isto devido à volta, a partir de 1º de dezembro, da bandeira tarifária vermelha patamar 1, com custo adicional nas tarifas de R$ 0,03 por cada kwh consumido, em substituição à vermelha patamar 2, que implicava em um custo adicional de R$ 0,05 por cada kwh. Cabe destacar o reajuste de 29,60% em uma das concessionárias de energia de Porto Alegre, em vigor desde 21 de dezembro.
 
Ainda no grupo Habitação, porém no lado das altas, destacam-se os itens taxa de água e esgoto (1,19%) e gás de botijão (1,09%). O primeiro se deve aos reajustes de 7,89%, 5,25% e 8,43%, respectivamente, nas tarifas de São Paulo, em vigor desde 10 de novembro; Rio de Janeiro, a partir de 27 de novembro; e Belém, desde 12 de dezembro. A variação no gás de botijão reflete o reajuste médio de 8,90% no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13 kg, autorizado pela Petrobrás nas refinarias a partir de 05 de dezembro.
 
Sobre os índices regionais, o mais elevado foi o da região metropolitana de São Paulo (0,62%), onde os preços da refeição fora tiveram alta de 1,75%, com impacto de 0,10 p.p. As altas de 23,23% nas passagens aéreas, 5,26% no etanol e 2,39% na gasolina também pressionaram o resultado do mês na região. Belém (-0,18%) apresentou o índice mais baixo, em função da queda de 6,05% na energia elétrica. 
 
Alimentação e Bebidas desaceleram índice no acumulado do ano
 
O IPCA de 2017, com 2,95% de variação, foi influenciado especialmente pelas despesas com produtos e serviços dos grupos Habitação (com alta de 6,26% e impacto de 0,95 p.p), Saúde e Cuidados Pessoais (com alta de 6,52% e impacto de 0,76 p.p.) e Transportes (com alta de 4,10% e impacto de 0,74 p.p.). Juntos, estes três grupos representaram 2,45 p.p., sendo responsáveis por 83% da taxa. Já o grupo Alimentação e Bebidas, com queda de 1,87% e -0,48 p.p. de impacto, conteve o índice. A tabela a seguir mostra os resultados de todos os grupos de produtos e serviços.
Variações por grupo 
Em 2017, a produção agrícola ficou, aproximadamente, 30% acima da safra do ano anterior. Com isso, os preços do grupo Alimentação e Bebidas, que detém cerca de 1/4 das despesas das famílias, caíram 1,87%, e o grupo exerceu o principal impacto negativo no índice. Este é o menor resultado (-1,87%) e a única vez que o grupo apresentou deflação no ano desde a implantação do Plano Real.
 
A queda nos preços dos alimentos se deu, especialmente, por conta dos alimentos para consumo em casa. Com 15,67% de peso, estes alimentos caíram 4,85%, enquanto a alimentação consumida fora de casa, que pesa 8,88%, subiu 3,83%.
 
Considerando os alimentos adquiridos para consumo em casa, vários tiveram queda significativa nos preços, com destaque para as frutas (-16,52%), maior impacto negativo no índice do ano (-0,19 p.p). A seguir, as principais quedas nos produtos alimentícios.
 
Ficando atrás apenas do grupo Educação (7,11%), onde os cursos regulares (8,37%) se destacaram, o grupo Habitação (6,26%) apresentou a segunda maior variação, sendo responsável, porém, pelo maior impacto de grupo (0,95 p.p). As principais influências vieram de itens importantes na despesa das famílias, como o gás de botijão (16,00% e 0,19 p.p.), a taxa de água e esgoto (10,52% e 0,17 p.p.) e a energia elétrica (10,35% e 0,35 p.p.).
 
Durante o ano de 2017, a Petrobras autorizou reajuste, nas refinarias, de 84,31% no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13kg. As regiões pesquisadas variaram de 5,28% em Curitiba a 33,52% em Recife. Já a taxa de água e esgoto (10,52%) ficou entre 3,09% em Brasília e 22,96% em Belém. Nesta última, além do reajuste médio de 17,50% ocorrido em junho, a partir de 12 de dezembro passou a vigorar um complemento ao reajuste anterior, da ordem de 8,43%.
 
Saúde
 
Saúde e Cuidados Pessoais fechou o ano com variação de 6,52%. Neste grupo, a pressão veio dos planos de saúde (13,53%) e dos remédios (4,44%). Estes itens são despesas importantes no orçamento do consumidor, com peso de 3,88% e 3,47%, respectivamente. A Agência Nacional de Saúde – ANS concedeu, em 2017, reajuste de até 13,55% para os planos de saúde. Nos remédios, o reajuste máximo autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos – CMED foi de 4,76%.
 
Transporte
 
Nos Transportes (4,10%), que detêm 18% do IPCA, peso superado apenas pelos alimentos, os destaques foram: gasolina (10,32%), ônibus intermunicipal (6,84%), emplacamento e licença (4,29%), ônibus urbano (4,04%), conserto de automóvel (2,66%).
 
INPC sobe 0,26% em dezembro e fecha 2017 em 2,07%
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC apresentou variação de 0,26% em dezembro e ficou 0,08 p.p  acima da taxa de novembro (0,18%). Com este resultado, o acumulado em 2017 foi para 2,07%, bem menor do que os 6,58% registrados em 2016 e a menor taxa acumulada no ano desde a implantação do Plano Real. Em dezembro de 2016, o INPC registrou 0,14%.