Maior esforço para a população

15/09/2015 08:34

Maior esforço para a população

Após diversas protelações, o governo finalmente anunciou seu propalado pacote de cortes nos gastos públicos para tentar reverter a situação de crise que vive o país. E de pronto já se percebe um ingrediente explosivo: o adiamento para agosto de 2016 dos reajustes salariais para o funcionalismo. Como o servidor dificilmente é punido por fazer greve, é de se esperar uma enxurrada de movimentos de paralisação. Como já vem ocorrendo com os funcionários da Previdência Social, parados há dois meses, com nefastas consequências para os trabalhadores.

 

Outra questão que certamente gerará manifestações de revolta é a ressuscitação da CPMF, o “imposto do cheque”, já rechaçada pela sociedade e pelo Congresso quando de sua primeira menção pelo governo. O “czar” da economia, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, disse que os recursos com essa arrecadação serão destinados à Previdência e que o imposto vigorará “apenas” por quatro anos. Quando a CPMF foi criada, nos anos 90, sua destinação era a saúde. Com o passar do tempo, acabou virando reforço de caixa do governo.

 

Um fato singular foi o valor que pretende-se economizar com os cortes nos ministérios, que renderão somente R$ 200 milhões. Vê-se que o valor é pequeno quando se observa o montante total que o governo espera obter com o pacote, de R$ 64,5 bilhões. Representa menos de meio por cento.

 

Empresários mineiros ouvidos pelo Hoje em Dia já deram o alerta de que o pacote corta investimentos em infraestrutura, o que pode se tornar uma pá de cal nos esforços para recuperação da economia. Um desses casos é o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que perderá R$ 3,8 bilhões. Para a Fiemg, por exemplo, o que tem que diminuir é a máquina pública, as despesas de custeio.

 

Para a CDL, o retorno da CPMF não representará aumento da arrecadação, pois afetará diretamente a cadeia produtiva, reduzindo a base tributária. Outro corte que afetará a economia é o do Minha Casa, Minha Vida, programa de unidades residenciais que ajuda a movimentar o mercado da construção. Perderá R$ 4,8 bilhões, o que também foi lamentado pelo Sinduscon, sindicato do setor.

 

Enfim, o governo insiste em não cortar na própria carne, jogando a tarefa para a população e os empresários.