Não vai dar certo, nem para segurar o impeachment

06/10/2015 07:33

Alberto Goldman - Ministério Dilma: não vai dar certo, nem para segurar o impeachment!

 

O recém-constituído ministério do Brasil só tem um objetivo, de curto prazo: prolongar a agonia da presidente Dilma Rousseff. Pode ser até que obtenha algum sucesso, de curta duração. Porém é mais uma medida que aponta para o agravamento da qualidade da administração pública federal, o que significa maior sofrimento para o povo brasileiro e maior dificuldade do país em superar a crise atual e retomar o caminho do desenvolvimento.

O PMDB passa a ter 7 ministérios. Na Câmara ele tem 66 deputados de um total de 513, 13% portanto. Deles 22 já assinaram um manifesto contrário à participação no governo. Certamente existem outros que, estrategicamente não assinaram, não se sentem representados mas não querem se expor. O saldo do apoio do partido é, na melhor das hipóteses, de 22 votos (44 a favor, 22 contra). É muito pouco para tamanho peso no ministério, o que mostra o grau de fragilidade da presidente.

Vamos agora avaliar a qualidade/qualificação dos indicados, começando pelo Ministério da Saúde, um dos mais importantes e estratégicos do país.


Para lá vai o deputado do Piauí, Marcelo Castro, um psiquiatra sem qualquer relação e experiência com a saúde pública. Suas primeiras declarações, mostrando que só pensa naquilo! Não é quanto à gestão ou a qualquer objetivo social para a área, é somente aumento da arrecadação. Propõe não só a volta da CPMF na alíquota de 0,2% para aqueles que pagam algo via Banco, mas acrescenta mais 0,2% para aqueles que recebem o pagamento citado. Significa, em cada operação, 0,4%. Se os 0,2% significam arrecadação de 32 bilhões, conforme o governo, os 0,4% significarão 64 bilhões. Como somos 200 milhões de brasileiros, isso significa 320 reais por ano para cada brasileiro, em média, inclusive para os recém nascidos e os isentos. Não é uma despesa direta de cada um, já que a maior parte dela não é visível porque está embutida na cadeia de compra e venda, até que o dispêndio de cada um se realize no final da operação pagamento. O ministro acha isso uma bagatela, quase nada.

Para a Ciência e Tecnologia, de importância estratégica para o futuro do país, vai o deputado carioca Celso Pansera. Dele o que se sabe é que era – já não é mais – um “pau mandado” do Eduardo Cunha, que tinha pedido a convocação das filhas do doleiro Alberto Youssef com a visível intenção de intimidá-lo para que ele não acusasse o seu então patrono presidente da Câmara. É formado em Letras e foi do PT quando se elegeu secretário geral da UNE. Depois deixou o PT e fundou a Frente Revolucionária, embrião do PSTU. Daí pulou para o PSB e, em seguida, para o PMDB. É dono de um restaurante no Rio de Janeiro e desconhece-se suas qualificações para exercer o Ministério.


Celso Pansera, assim como Marcelo Castro foram os dois escolhidos pela bancada ( os 44 ) do PMDB e levados para a presidente. Essa apenas assinou o decreto de nomeação.

Quem mais do PMDB? Fica o Henrique Eduardo Alves no Turismo. Disso ele entende. Foi durante anos presidente da União Interparlamentar Brasileira, pela qual esteve sempre viajando, mais tempo no ar que na terra.

 

Fica o Eliseu Padilha, na Aviação Civil, que ainda não mostrou a que veio. Também o Helder Barbalho, que era da Pesca e agora vai para os Portos ( afinal também se refere à água ), sobre o qual não tem qualquer expertise. Ficam também o ministro de Minas e Energia Eduardo Braga e da Agricultura Kátia Abreu, antes ferrenha anti-petista, hoje cupincha da presidente.

 

Quanto aos demais, o Ricardo Berzoini, que destruiu, em associação com o João Vaccari ( hoje “in galera” ) a Cooperativa Habitacional do Bancários de São Paulo mas salvou o tríplex do Lula no Guarujá, vai para Secretaria de Governo; o seu parceiro no episódio dos aloprados, Aloizio Mercadante, sai da Casa Civil e volta para Educação ( pobre “pátria educadora”) como prêmio de compensação; e o Edinho Silva fica onde está, mesmo envolvido na captação das propinas que foram transformadas em doações nas campanhas petistas.


Ainda, o Aldo Rebelo sai da Ciência e Tecnologia e vai para a Defesa ( PC do B no Ministério da Defesa deve ser a pitada de molecagem da Dilma ). E o Afif, foi para o espaço. Seu amigo Kassab e seu partido o PSD, ficaram mudos.

 

No meio de tudo isso, o Joaquim Levy, que mais parece o bobo da corte. Ele puxa pra um lado, o Nelson Barbosa para o outro.

 

Por enquanto, chega.

 

Não vai dar certo! Nem para segurar o impeachment!

 

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Publicado no Blog do Goldman