O avanço da censura está entre os destaques desta edição

12/11/2022 13:55

CARTA AO LEITOR

O avanço da censura está entre os destaques desta edição

Redação – Revista Oeste

Em dois anos de existência, Oeste publicou mais de dez reportagens de capa sobre temas relacionados à liberdade. Esse conjunto inclui desde os avanços autoritários que acompanharam a pandemia de covid-19, com seus lockdowns e o #FiqueEmCasa, como mostrou a edição 50, até a ampliação dos poderes do TSE pelo próprio tribunal, que desfigurou a Constituição para impor a mordaça (edição 135).

Oeste tratou também do nascimento da censura produzida pela própria imprensa, que passou a eliminar qualquer voz divergente da verdade oficial (edição 80), e do inquérito das fake news, que assombra o país há três anos. Faz tempo que o STF esqueceu a missão de garantir o respeito ao texto constitucional e, por consequência, a segurança jurídica do país. Hoje, a Corte interpreta, legisla e executa o que decidiu com base no que acha que são os desejos da população. Tal protagonismo foi dividido neste ano com o TSE, que prometeu retomar suas funções reais depois da escolha do novo  presidente da República. Pelo andar da carruagem, a promessa não será cumprida.

Oeste publicou mais de dez reportagens sobre censura e avanços autoritários | Foto: Montagem Revista Oeste

A vítima mais recente da procissão de arbitrariedades foi o economista Marcos Cintra, ph.D. em Harvard e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas (FGV), ex-secretário da Receita Federal e candidato a vice-presidente na chapa de Soraya Thronicke. Como mostra a reportagem de capa desta edição, seu crime foi perguntar se a grande quantidade de urnas em que Bolsonaro recebeu zero voto não seria um indício de fraude. Essa dúvida bastou para que Cintra fosse exilado das redes sociais e intimado a depor na Polícia Federal.

Em setembro do ano passado, uma reportagem alertou para o risco de um regime autoritário caso Lula vencesse as eleições. Nesta quarta-feira, 9, Alexandre de Moraes propôs a Lula a apresentação de um projeto de lei concebido para “regulamentar” as redes sociais.

É o que faltava para a tentativa de implantação da censura, com que sonha o PT há pelo menos 20 anos. Como a velha imprensa vem desempenhando o papel que caberia a assessores do presidente eleito, falta apenas controlar os veículos de comunicação independentes. Moraes pode ter encontrado mais uma chance de legalizar uma violência claramente fora da lei.

Boa leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação