O barco afunda.

24/08/2015 19:04

Alberto Goldman - O barco afunda.

A gente sabe quando um barco afunda: quando os ratos fogem. A gente sabe quando um governo afunda: também quando as ratazanas caem fora, na expectativa de novos e menos arriscados ambientes para a sua festança. É o que está acontecendo com o governo Dilma Rousseff.

 

Petistas e filo petistas reclamam que só se publicam más notícias a respeito do governo dela. De fato, só más notícias, porque encontrar alguma boa só inventando. Vejamos as últimas.

 

Em julho o país perdeu 158 mil empregos com carteira assinada. Recorde desde 1992, há 23 anos, data em que começou a se produzir a estatística. Nos primeiros sete meses do ano em curso, o país perdeu 500 mil empregos. A previsão é que até o final do ano sejam 1 milhão.

 

O índice de desemprego das principais regiões metropolitanas do país chegou a 7,5%. Poderá chegar a 9% até o final de ano. A massa salarial e o consumo da população caem seguidamente.

O emprego industrial e a produção industrial, que identificam o dinamismo da economia, continuam caindo, como há anos.

 

Os preços das commodities caem em todo mundo. Para o Brasil que ainda sobrevive da venda desses produtos, é um desastre abissal. Era o único setor de nossa economia que ainda estava nos sustentando.

 

O crescimento do produto bruto ( PIB ) será negativo esse ano, queda de mais de 2% e a previsão para 2016 é a continuidade da queda. Recessão brava.

 

A inflação vai se aproximando de 10%, sem que os trabalhadores nesse quadro recessivo tenham a esperança de recuperação do poder aquisitivo de seus vencimentos.

 

A arrecadação dos entes públicos não está acompanhando sequer os índices de inflação. Obras e serviços são paralisados e adiados. O investimento público é cada vez menor.

 

O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral pede à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal uma investigação sobre os recursos que abasteceram a campanha da dupla Dilma/Michel, em função do que já se conhece até hoje. Se for confirmado que a origem dos recursos é as propinas das estatais, a cassação dos mandatos é inevitável.

 

O Tribunal de Contas da União deve dar o parecer sobre as contas da Presidente de 2014. Os órgãos técnicos do Tribunal já apresentaram o parecer que é pela rejeição dessas contas. Um trabalho sério, profundo e substancioso. São razões mais que objetivas para configurar o crime de responsabilidade, passível de impeachment, até independentemente do voto dos conselheiros.

 

O Ministério Público denuncia o Presidente da Câmara dos Deputados, o segundo na linha da sucessão presidencial. O Supremo deve receber a denúncia. O Presidente do Senado, o terceiro na linha da sucessão, ainda não foi, mas será.

 

Muitos líderes de hoje, inclusive o ex-presidente Lula, serão varridos da cena política.

Toda essa instabilidade política e econômica paralisa os investimentos privados. O país parou.

Federações e Confederações empresariais e sindicais sustentadas pelo imposto sindical se mobilizaram para salvar a presidente. Em vão.

 

É preciso algo mais?

 

O quadro de crise total está configurado. Muito prejuízo para a economia do país e para a vida do nosso povo. Muitas cabeças vão rolar. O desfecho é inevitável.

 

Só ainda não sabemos onde vamos parar e como vamos realizar a travessia. O tempo dirá. Que seja o mais curto e menos doloroso possível.

 

Vamos precisar de muito engenho e arte.

 

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Alberto Goldman, ex-vice governador de S. Paulo