O fim da pandemia está entre os destaques desta edição
CARTA AO LEITOR
O fim da pandemia está entre os destaques desta edição
Redação – Revista Oeste
Entre 8 e 17 de março, quando o governador de São Paulo dispensou o uso de máscaras ao ar livre, a paisagem da maior metrópole do país ficou ainda mais intrigante. Nas ruas, a maioria dos moradores circulava sem a proteção facial. Mas todos eram obrigados a colocá-la ao entrar em locais fechados. Na manhã do dia 12, um sábado, os frequentadores da feira de antiguidades da Praça Benedito Calixto não sabiam se aquele era um lugar aberto ou fechado. A confusão foi provocada pelos toldos que cobrem parcialmente as barracas. Na dúvida, metade dos vendedores e clientes usava máscaras. A outra metade, não.
Nas escolas, as crianças podiam ficar de cara limpa no recreio e na aula de educação física, mas tinham de cobrir o rosto na sala de aula. Sem saber quais eram as normas em vigor nos refeitórios, a direção de muitos colégios optou por servir as refeições nas próprias carteiras. Por mais desesperador que pareça, muitas cidades ainda não retomaram as aulas presenciais. Milhões de crianças e adolescentes estão privados de estudo há dois anos.
Neste período, um ser humano governado por Doria que decidiu jantar fora “cobriu o rosto no interior do elevador e buscou de cara limpa algum táxi”, descreve a reportagem de capa desta edição, produzida em parceria por Augusto Nunes e Paula Leal.
“Recolocou a máscara ao alojar-se no banco traseiro. Tirou-a de novo ao caminhar entre o táxi e a porta do restaurante. Tornou a cobrir a face entre a porta e a mesa. Voltou a descobri-la depois de sentado. Repôs a máscara na ida ao banheiro.”
Nos bares, as coisas ficaram ainda mais esquisitas. Os clientes podiam circular sem máscaras, empunhando copos de bebida e fazendo escalas em rodas de conversa. Na ida ao banheiro, o acessório voltava a ser indispensável.
Mas nada beira tanto o ridículo quanto os aeroportos. Normas da Anvisa adotadas pela Anac desde o início da pandemia fazem com que os passageiros, depois de ser obrigados a respeitar a distância de 1 metro e meio na sala de espera e na fila de embarque, sentem-se colados dentro da aeronave.
Passou da hora de os governantes brasileiros reconhecerem que o pior acabou. Como Oeste repete desde outubro do ano passado, ou o Brasil aprende a conviver com o coronavírus — sem máscaras, sem isolamento, sem restrições e sem medo — ou a covid-19 acaba com o Brasil.
Nesta quinta-feira, 17, o governador João Doria afinal ouviu a voz da sensatez — depois de ter passado anos escutando apenas um certo “Centro de Contingência do Coronavírus”. Uma semana depois do frustrado show de marketing na cerimônia de liberação dos ambientes abertos, optou pela discrição no segundo ato. “Finalmente sem máscaras!”, avisou pelo Twitter. “Acabo de assinar decreto que libera imediatamente o uso de máscaras em locais fechados em SP.”
A notícia, embora tardia, é animadora. Lamentavelmente, vários Estados e dezenas de municípios continuam na contramão do caminho da liberdade. Chega! É urgente enxergar o fim da pandemia.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação