Odebrecht diz que MPF atua de forma ilegal

31/10/2015 09:50

Presidente da Odebrecht, preso há 133 dias, diz que força-tarefa 'distorceu fatos' para sujeita-lo à prisão

 

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

 

CURITIBA - O presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou à Justiça Federal, nesta sexta-feira, 30, que a força-tarefa da Operação Lava Jato ‘distorceu fatos’ com o objetivo “ilegal” e “cruel” de sujeita-lo à prisão preventiva. Ele está preso desde 19 de junho, em Curitiba, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Petrobrás.


odebrecht

Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”, afirmou Odebrecht em defesa escrita entregue ao juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava jato – antes de ser interrogado.

 

O interrogatório de Odebrecht, o mais esperado até aqui na Lava Jato dentro do rol de acusados do núcleo empresarial, marca a fase final da ação penal envolvendo ele e outros cinco executivos do grupo – que também negaram relação com o esquema, em depoimentos prestados nesta sexta-feira e na quinta, 29 “Importante esclarecer desde logo que nunca cogitei interferir em investigações”, afirmou ele em manifestação escrita ao juiz. Em uma sequência de 60 perguntas e respostas, o presidente da empreiteira tenta rebater argumentos da acusação do Ministério Público Federal, que justificaram o decreto de prisão preventiva.


Uma das anotações questionadas pelo empresário foi a que registra:”trabalhar para parar/anular (dissidentes PF…)”. Para a Polícia Federal, tratava-se de possível orientação à defesa para atrapalhar às apurações da Lava Jato.

 

Esta anotação foi feita, portanto, apenas para acompanhar o assunto, não tendo qualquer relação com as ilações feitas pelo Ministério Público no sentido de que eu estaria manipulando investigações”, sustenta Odebrecht.

 

A alegação de que poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada, sendo absolutamente desarrazoada a utilização de fatos noticiados em reportagens de jornal para fundamentar uma acusação penal.”