Sábado - agosto - Artigo: O TEMPO URGE?

01/08/2020 12:19

Por Josenildo Melo

O TEMPO URGE?

Já percebeu o quanto o tempo passa e ninguém percebe. Esta expressão depende da ótica observacional. O tempo simplesmente é o tempo. Pra um executivo tem dias que falta espaço na agenda pra acomodar tantas atividades. Pra um Monge (não dito “moderno”) o tempo é tão precioso que lhe faz saborear realmente o lado bom da vida. O que é o bom? O bom aqui expresso é no sentido de tudo aquilo que advém fora do âmbito do ter, do poder e do prazer carnal. Quem já viveu ou vive a esperança do bom advindo de Deus sabe do que estamos falando. Portanto, o tempo urge dependendo da ótica de observação de cada pessoa; pois o tempo é simplesmente o tempo já dizia Santo Agostinho de Hipona.

Segundo o Universo da Filosofia o tempo é uma preocupação antiga não só entre os filósofos. Todo mundo uma hora ou outra pensa no tempo, seja por estar atrasado ou por querer saber quanto tempo falta para chegar o dia de receber o salário do mês. Santo Agostinho (354 – 430) fez talvez a mais importante reflexão sobre o tempo na história do pensamento, presente no Livro XI da obra Confissões - Passado, Presente e Futuro. O Passado não é, pois é o tempo que se afasta de nós, é tudo que já não é mais palpável, simplesmente porque já se foi. O Presente é o “agora”, mas se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, e sim eternidade. Então se o presente precisa se tornar passado para ser tempo, ele não é, porque o que é não deixa de ser. O Futuro também não é, já que ainda não existe, e quando existir deixará de ser futuro e passará a ser presente, que tão logo já será passado. Após essas constatações, ele prossegue: “É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.” Aqui temos o passado como uma forma particular de presente, afinal quando nos lembramos de algo passado, estamos no presente. Em outras palavras, o passado é presente quando nos lembramos dele. Temos também o futuro tão presente quanto o passado, quando nele pensamos e projetamos. E finalmente, Agostinho vai diferenciar o “tempo da alma” e o “tempo do mundo”. Ora, esses três tempos acima explicados só existem para nós, na nossa mente (ou alma), o resto do mundo se resume na instantaneidade do real. No tempo do mundo, nada dura, tudo deixa de ser tão logo que é. Já no tempo da alma, as coisas duram, pois seguem uma lógica estritamente nossa. Então, quando Renato Russo cantava “temos nosso próprio tempo”, nada mais era que uma modernização do pensamento Agostiniano? Se o tempo urge; urge pra quem?

Respirou fundo e quase não entendeu? Todos entendem de acordo com propósitos. Pra alguém que acorda pensando em ganhar dinheiro você acha que reflexão tem respaldo? Lógico que não. Materialistas se definem como seres pragmáticos e, portanto não gostam muito de ler ou refletir. Livro pra quem cultiva o hábito de acumular bens materiais é algo pesado e que não leva a nada? O que você acha do tempo atual? Não parece que o tempo do século vinte e um urge pra todos que ainda não conhecem de fato Cristo Jesus? Pra você que é Cristão SIM; mas pros céticos o tempo não urge; falta é tempo pra “roubar” !!

Josenildo Melo foi estudante de Direito e Filosofia. É Bacharel em Serviço Social e Jornalista